Luto, tristezas e uma certa paz - 14
Sua casa, mãe, ao sol forte do início da tarde em vésperas de natal, fala em mansas e discretas mensagens que tudo agora é diferente. Ah! O luto nos força a nascer de novo, na dor, nascer. Nascer de novo para a mesma vida. Viver de novo para outros partos. Um pássaro canta no velho abacateiro, procuro-o e não encontro, atino meus ouvidos para o seu canto, e nada. Foi um pouso curto, digo, vai-se amasiado em alguma alça de vento pelo azul afora. Adeus! Volto um tempo depois ao mesmo ambiente da casa onde o abacateiro é a mais bela decoração. Aquele pássaro de canto pungente se foi mesmo, outros pequenos pássaros fazem sua algazarra nos retorcidos e afetuosos braços da árvore. Olho para o abacateiro e sei, ele também silencia.
7 comentários:
Que vento pelo azul afora, o sol, o abacateiro, tudo insista nessa algaravia e te traga a paz possível.
Abç e força.
Lembranças, saudades, carinho, amor.... Um entrelace afetuoso de muitas lembranças, de muito carinho, e da saudade enorme, vamos percebendo nos textos.
Muito se escuta falar do luto, do vivenciar o luto, de elaborar o luto. E você, neste momento de luto, consegue nos oferecer textos poéticos, imaginéticos, e de muito sentimento.
Aí dentro, na sua alma, só você realmente sabe como se sente. E se escrever ajuda neste vivenciar o luto, de alguma forma você presenteia o leitor.
Que você consiga os renascimentos necessários, hoje e todos os dias da sua vida.
abraço.
Nesta véspera de Natal levantei os olhos e vi um abacateiro. E vi nele muitos abacates. Frutos. Filhos desta árvore. Lembrei deste seu texto.
Muitos anos que este abacateiro está onde sempre esteve, mas ao levantar a vista depois de ler seu texto ele me chamou a atenção. E pássaros cantavam.
Pensei nos simbolismos deste momento...talvez seja o que você sempre fala do cotidiano, de se presentificar, o abacateiro esteve sempre ali e passa despercebido no corre corre dos dias.
abraço
Obrigado Paula,
seu natal seja sempre luz boa em sua vida... e novos nascimentos para as belezas da vida.
Nascemos Dauri, pois é o amor que permanece em nós qdo um entre querido desencarna, é esse amor que aos poucos vai amortecendo a dor para nos deixar as lembranças. Dauri, posso lhe falar do meu avô que não está mais entre nós, e é incrível, qdo lembro dele só me vem alegria e lembro de coisas que me aconteceu qdo eu tinha quatro anos. Lembro uma vez que jogando bola com ele na sua casa, eu cai com o olho no cabo de uma panela de ferro e durante um bom tempo usei um curativo, e ele sempre que me via me chamava de pirata. O meu avô permanece vivo, sempre permanecerá vivo em mim. Haverá um tempo, amigo, que as boas lembranças inundarão o seu coração e vc estará feliz. Abçs.
Por aqui lendo os comentários.
Linda a palavra amortecendo, aqui, neste contexto que Eder deixa.
O tempo amortecendo a saudade, enquanto o amor vai tecendo as lembranças.
Postar um comentário