Luto, tristezas e uma certa paz - 14

Sua casa, mãe, ao sol forte do início da tarde em vésperas de natal, fala em mansas e discretas mensagens que tudo agora é diferente. Ah! O luto nos força a nascer de novo, na dor, nascer. Nascer de novo para a mesma vida. Viver de novo para outros partos. Um pássaro canta no velho abacateiro, procuro-o e não encontro, atino meus ouvidos para o seu canto, e nada. Foi um pouso curto, digo, vai-se amasiado em alguma alça de vento pelo azul afora. Adeus! Volto um tempo depois ao mesmo ambiente da casa onde o abacateiro é a mais bela decoração. Aquele pássaro de canto pungente se foi mesmo, outros pequenos pássaros fazem sua algazarra nos retorcidos e afetuosos braços da árvore. Olho para o abacateiro e sei, ele também silencia.

7 comentários:

lula eurico disse...

Que vento pelo azul afora, o sol, o abacateiro, tudo insista nessa algaravia e te traga a paz possível.

Abç e força.

Paula Barros disse...

Lembranças, saudades, carinho, amor.... Um entrelace afetuoso de muitas lembranças, de muito carinho, e da saudade enorme, vamos percebendo nos textos.
Muito se escuta falar do luto, do vivenciar o luto, de elaborar o luto. E você, neste momento de luto, consegue nos oferecer textos poéticos, imaginéticos, e de muito sentimento.

Aí dentro, na sua alma, só você realmente sabe como se sente. E se escrever ajuda neste vivenciar o luto, de alguma forma você presenteia o leitor.

Que você consiga os renascimentos necessários, hoje e todos os dias da sua vida.

abraço.

Paula Barros disse...

Nesta véspera de Natal levantei os olhos e vi um abacateiro. E vi nele muitos abacates. Frutos. Filhos desta árvore. Lembrei deste seu texto.

Muitos anos que este abacateiro está onde sempre esteve, mas ao levantar a vista depois de ler seu texto ele me chamou a atenção. E pássaros cantavam.

Pensei nos simbolismos deste momento...talvez seja o que você sempre fala do cotidiano, de se presentificar, o abacateiro esteve sempre ali e passa despercebido no corre corre dos dias.

abraço

Dauri Batisti disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Dauri Batisti disse...

Obrigado Paula,

seu natal seja sempre luz boa em sua vida... e novos nascimentos para as belezas da vida.

eder ribeiro disse...

Nascemos Dauri, pois é o amor que permanece em nós qdo um entre querido desencarna, é esse amor que aos poucos vai amortecendo a dor para nos deixar as lembranças. Dauri, posso lhe falar do meu avô que não está mais entre nós, e é incrível, qdo lembro dele só me vem alegria e lembro de coisas que me aconteceu qdo eu tinha quatro anos. Lembro uma vez que jogando bola com ele na sua casa, eu cai com o olho no cabo de uma panela de ferro e durante um bom tempo usei um curativo, e ele sempre que me via me chamava de pirata. O meu avô permanece vivo, sempre permanecerá vivo em mim. Haverá um tempo, amigo, que as boas lembranças inundarão o seu coração e vc estará feliz. Abçs.

Paula Barros disse...

Por aqui lendo os comentários.
Linda a palavra amortecendo, aqui, neste contexto que Eder deixa.

O tempo amortecendo a saudade, enquanto o amor vai tecendo as lembranças.