vento de asas,
amor de um momento
de um ver

mas fosse o amor
naquela hora
um encontro e tudo o mais

não foi
foi somente coisas de ar
pássaros

o olhar de um
o olhar de outro
a multidão e nunca mais.
de que vale é uma pergunta
de que vale é essa flor
de que vale essa palavra
que se faz de uma dor, ou mais amor

de um dia

talvez de dois, perdidas horas
em palavras horas, hortas de,
jardins, pomar. mas
talvez mais vale a paz,
que paz, pergunte,
parto de quem,

quem nasceu vale

de que vale
em que vale corre
o córrego São Francisco

de que palavra corre
o poema foge, do que foge
o poema de que vale
vale uma casa uma palavra

defronte pro sol nascente
nasci
dão sinal...as frases dão sinal de acabar, talvez acabem, as frases

o que ficará no lugar, o lugar, a paisagem, lados, ainda mais, mais do que multiplicados

mas estou bem, uns foram comigo lá, lá, bem lá

uns foram, dois exatamente, ela, ele, mai-eurico

depois tudo se desfez, se desfaz, e se refez, se refaz, o mar, isso

o mar abraça minha cidade, refaz meu estado de amar
as frases são folhas, folhas num pé de poema, mas folhas.

são  tão belos os poemeiros pelo mundo afora, mas estas frases são folhas, folhas marrons.

deixei de escrever poemas, pelo menos por enquanto, escrevo frases, frases folhas, marrons.

frases que o vento leva,  frases secas e leves, prontas para serem varridas.
aguentei até...

enfim teus olhos escreveram e eu fiquei incapaz de dizer outra frase senão te amo, essa ilusão de sol para tornar as sombras canteiros de calêndulas.

foi um momento, apenas um momento na vesga tarde de dezembro quando.

sorri uma frase triste e me reescrevi poesias.

pode ter sido um invento, venta-me sempre luzes de brilhos pequenos, invenções sem fundamentos,

vou dobrar a frase aqui, mente, minha mente anda, minto.

me sinto uma camisa branca no varal num espaço de pasto verde, leves montanhas ao fundo, e mangueiras, muitas mangueiras e alguns coqueiros, talvez também um imenso pé de tamarindo
descanso, morro nessas frases e em cada morte é que a vida se levanta e me faz brilhar os olhos, no que leio do que saiu de minhas mãos.

saio e volto e não sei se primeiro volto para depois sair destes campos verdejantes onde precariamente sacio-me.

um vento inventa-me agora, respiro distraído que foi esse vento nas narinas de Deus, mas ja sou outro no fim desta frase, desinventei-me, fica a frase