Assim, garantida de apertos e sopros
fica a pergunta na expansão
e contração do peito:

Me quer
Não me quer
Me quer Não

me quer
Seguir em frente seguir
com os olhos no horizonte
na borda menos cortante do entardecer

pela janela da lanchonete
Tomar um café encostado no vidro e
pensar até a noite cair. Demorou um século

a chegada daquela noite. Ouviu-se
um baque de cores densas
e vozes baixas. Ela caiu ao som de uma música

totalmente inadequada.
Então, era hora
de ir – ele se foi -
pela noite adentro.

Uma palavra se esforça para cair na página,

fica ao lado como um fio
de cabelo que a circunferência da água
em redemoinho não consegue puxar
para o centro da pia, para o vazio do ralo. A palavra

esvazia-se de pretensões,
mas ainda não de toda pretensão,
é só um espasmo de cordas, mas é,
espasmo de vogais,
talvez um ai, e nada mais. De viver

Ai de viver. Ar de sofrer, Ah,
morrer não, morrer sim, mas então, uma
palavra na página apenas
para ser um som, um sinal
da vida, da via, da dúvida, da poesia.

O fio de cabelo gruda-se na pia,
escreve um risco