luto, tristezas e uma certa paz - 22
Canta o sol ao meio-dia uma saudade, muitas, tantas saudades, também o sol faz isso, hoje o do meio-dia, cada dia a saudade vem em suas vontades, em horários surpreendentes, o sol do meio-dia me planta recordações de estradas, de pomares, de água de côco e sombras gigantes de jaqueiras, de pessoas queridas, queridos que se foram, meio-dia no verão, era tão bom, não o meio-dia, nem o pomar, nem a sombra fresca da secular jaqueira, nem o riacho, nem o moinho, não, era bom estar ali com meus queridos, meus queridos, canta o sol, foi isso que eu disse, não chora o sol, canta, canta o sol ao meio-dia e me traz vivas ao coração pessoas que se foram, é que misturo aqui os que ficam e os que disseram adeus, os que chamam, perdão, é que misturo aqui as cinzas da quarta-feira, as cinzas da morte, e o adubo das rosas, as amarelas, aquelas que brincam de sol.